19 de abril – Dia Nacional de Resistência e Luta dos Povos Indígenas

Hoje não é um dia para comemoração, mas para reflexão, apesar de habitarem nosso continente e o território brasileiro há milhares de anos, os povos indígenas lutam, ainda hoje, pela conquista de direitos básicos para viver. Muitas dessas lutas são o resultado de preconceito por parte do restante da sociedade e de negligência do estado.

São 522 anos de resistência e luta e os povos indígenas, como povos originários deste país seguem na resistência contra os processos de exploração e violência sistemáticos aos seus direitos, a começar pelo direito à vida e ao território. E está em ritmo acelerado a destruição dos seus direitos no âmbito do legislativo, do executivo e do judiciário.

Depois de séculos de exploração e invasões às terras indígenas, a Constituição de 1988 estabeleceu algumas normas em favor do direito desses povos. Isso por meio do processo de demarcação, que organiza os limites das terras, a fim de garantir a sua sobrevivência. Mas nossa Constituição não é respeitada por muitos setores da sociedade, menos ainda quando se trata dos povos indígenas. Senão vejamos: o Brasil não reconhece sequer as etnias e línguas faladas por estes povos, dentro do seu território. O Brasil não fala somente o português, o português é a língua oficial, mas temos mais 274 línguas e dialetos indígenas.  E mais, o que a história tem registrado e presenciado é um processo de extermínio continuado das populações indígenas, um verdadeiro genocídio silencioso quando seus territórios acabam “cercados” por exploração agropecuária, mineração, garimpo, construção de barragens, com deslocamentos e reassentamentos forçados e migração com destino às periferias urbanas, onde esses remanescentes indígenas se tornam indigentes, mão de obra escrava, mendicância e a prostituição feminina, inclusive prostituição infanto-juvenil.

Refletir sobre essa realidade para buscarmos saídas com garra e compromisso ético tem sido o caminho trilhado pela UGT, segundo Idjawala Rosa Karajá, secretário Nacional de Assuntos dos Povos Indígenas da UGT. Ao estabelecer uma aliança com os povos indígenas, a UGT vem organizando seminários, palestras, cursos e reuniões na aldeia. Como resultados temos: 1.  Uma Associação de trabalhadores indígenas do Mato Grosso do Sul filiada a UGT Mato Grosso do Sul, cujo Presidente José Carlos Pacheco Terena é o Secretário Estadual Indígena da UGT MS. 2. Aproximação com a Associação dos Agricultores Indígenas Pitaguary, do estado do Ceará, realizada através do Secretário Estadual Indígena da UGT-CE, Adaias Bezerra; 3. A UGT AM realizou reuniões com indígenas de várias etnias tendo como objetivo a criação de associações de trabalhadores indígenas visando a abolição do trabalho escravo; 4. Elaboração de um plano inicial de projeto visando a promoção do eco/etnoturismo na Ilha do Bananal, Tocantins cujo objetivo é promover a geração de trabalho decente e renda para esses povos. 5. Construção de uma plataforma digital que dará acesso aos cursos e palestras dos três módulos realizados:

https://cursosugt.com.br/home/indigena

Conhecedores desta luta, como sindicalistas e cidadãos, povos indígenas e todos os povos, está em nossas mãos ajudar a questionar este mundo, desconstruir o velho e construir o novo. Desconstrução é um esforço de superação dos estereótipos e preconceitos que carregamos dentro de nós. É quebrar o conjunto de barreiras morais e culturais que nos impede de aceitar o diferente, oprimindo o outro e criando um ambiente de hostilidade que gera violência velada ou explícita. Esse é o compromisso da UGT, lutar sempre junto aos segmentos mais vulneráveis do nosso país.

Por Sidnei De Paula Corral – Secretário Nacional de Relações Internacionais para as Américas.

Fonte: UGT/SP

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